Entre o calar e o falar há o cantar.
- andrevile
- 26 de mar. de 2024
- 2 min de leitura

Quem cala, seus males escalam,
Quem canta, seus males espanta,
Quem fala, seus males encara.
Entre o calar e o falar há o cantar.
O cantar como processo, a música como mediadora no entendimento de si e suas questões. Não atoa, há músicas que batem no peito em determinados momentos, seja com angústia ou acalanto, seja fazendo chorar ou sorrir sem motivo. Mas por quê? Por que nos afetamos com música? Melhora depois? Isso passa?
Como tudo na vida, há várias maneiras de explicar. Psicodinamicamente, me interessa a proposta de que a música atua como um interjogo entre os dilemas, questões, adversidades e os entendimentos (não necessariamente as resoluções, mas os entendimentos sim, mesmo que sejam inconscientes). Para muita gente - e eu me incluo nisso - essa é uma das possibilidades mais caras que não somente a música, mas todas as artes, nos proporciona: a mediação entre sentimentos e pensamentos e entre questões e entendimentos. E isso acontece porque as artes nos afetam num campo não verbal, na beira entre o pensamento, o sentimento e a emoção, naquela bagunça que é a linha tênue entre o inconsciente e o consciente.
Mas a canção (o tipo de música popular - seja o estilo que for - em que há o canto e letra) tem um "tchans" a mais: além do teor não verbal que nos pega nas entrelinhas do corpo, vem a letra que, por ser feita por uma pessoa, fala sobre situações de pessoas, promovendo uma boa carga de empatia e de identificação, tanto é que tenho certeza que você já ouviu alguma música em algum momento da vida que parecia que ela falava o que vc estava sentindo e não conseguia externalizar, né? Esse é o ponto: em dado momento o que não era externalizado passa a ser ao ouvir e cantar a música, cai uma lágrima aqui, surge um sorriso ali. Assim, de forma cada vez mais consciente, vai entendendo que a música fala sobre o que se sente e você consegue iniciar um olhar para o sentimento que estava represado.
Por conseguinte os males que estavam te escalando passam a se distanciar, para então poder encarar o sentimento (e os males) de maneira facilitada - mas não que seja fácil, não é isso que estou falando, encarar é sempre algo difícil - e com isso, já temos um adianto no processo psicoterapêutico, por exemplo. Ou seja, a canção é um adianto na vida, rs, legal, né?
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