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Psicossomática ou "o corpo é um fingidor, finge tão completamnte que finge que é dor a dor que deveras sente''




Esses dias, pensando sobre alguns processos psicossomáticos,  lembrei desse poema, mas ao invés da palavra "poeta", me ocorreu a palavra "corpo". Por isso, falo hoje sobre Psicossomática.

Grosso modo, a Psicossomática é aquele processo corporal em que sensações - geralmente incômodas ou dolorosas - ocorrem no corpo e que possuem origem, não no âmbito físico, mas no psíquico. A dor está lá, ela é sentida, é palpável, a pele tremula,  o suor escorre, o calafrio esfria, a vista escurece, o coração dispara. O corpo não finge a dor, mas finge que é só dele a dor que deveras é dele,  mas não só.

Uma analogia que sempre me vem à mente quando o assunto é a psicossomática,  é a tradução.  Os processos psicossomáticos estão para a Psicologia assim como a tradução está para a Letras. Traduzir um idioma, que é parte integrante de uma linguagem e cultura, não diz apenas das palavras, mas sim de todo um conjunto que estrutura essas palavras. Só assim é possível entender que determinada palavra, a depender do contexto, significa uma coisa ou outra. E mais, a depender das vivências do tradutor, a palavra pode ser traduzida por um ou outro termo, mesmo que, aparentemente, sinônimos.

A linguagem psíquica se comunica por sua própria linguagem, mas por algum motivo, no processo psicossomático, ela não se efetiva e o corpo tenta traduzi-la para que a comunicação se faça. Porém, a linguagem do corpo é outra e assim, é necessário uma terceira tradução. Entender que corpo é esse, que psiquismo é esse, quais as vivências de ambos, o que os estrutura, para que possa, só depois, entender que determinado sintoma corporal pode ser uma tradução de um sintoma psíquico, só é possível com uma tradução qualificada. Ou melhor dizendo: uma escuta qualificada.

No entanto (caso não tenha ficado evidenciado ainda) ,não tão simples. Assim como um idioma e uma cultura se modificam os e os tradutores devem estar atentos a isso, a pessoa também se modifica, as palavras mudam, surgem gírias, vícios de linguagem e o terapeuta também deve estar atento a tais mudanças, afinal... nada é tão simples que não se possa facilitar e nem tão difícil que não se possa complicar!


texto publicado no Instagram @psico.andremarquesvilela em 02/09/2023

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